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sejam bem vindos a meu cantinho, rodeados de rosas e solidão... uma cantinho repleto de amor, e morte, onde meus delírios como poeta ficam gravados. Não sinta pena de mim, não sinta medo, apenas retire destes trechos algo bom, algo de valor para uma ventura melhor. Estes poemas, estes conhecimentos aqui colocados são apenas delirios poeticos, criados apartir de uma mente delicada e intimadora, ate mesmo pra mim. Saboreie com todo prazer... luxuria. Beba destes versos aqui escrito como vinho... lambuze-se, até a ultima gota...

sábado, 22 de janeiro de 2011

A Tempestade

A chuva caia. Fria. As nuvens, no céu negro pela escuridão noturna, deixavam cair, como lágrimas, seus rios de chuva. A neblina, como um tapete de veludo, deixava a grama podre e mal conservada encoberta. Sem idolatra a noite. Formando poças de lama suja. A neblina fazia crescer lápides pelo horizonte. Troféus mórbidos. Tão belos. Podiam-se escutar os gritos de clemência, de dor, dos pássaros noturnos. Alguns voavam outros apenas admirando a noite em algum galho de arvore. A chuva persistia, fria, doce. Encobrindo a lua. Que em seu leito adormecida apenas espiava entre uma e outra nuvem.

Como se derrepente. Surgido de um clarão promovido por um relâmpago. Com seus olhos inchados. Ainda chorosos. Ainda sofridos. Surgi L******. Um rapaz que por virtude, ou maldição parecia estar morto. Tão morto quanto aqueles naquele jardim. Fazendo esquecer a beleza que reinava em sua imagem. Seus cabelos, agora escorridos pelas lágrimas frias da noite. Pareciam estar mais podres que as gramas daquele local. Seus lábios ainda soluçavam. A respiração ofegante fazia uma pequena nuvem sair de seu nariz, por causa do frio. Sua camisa preta colada no corpo. A camisa a qual sua amada havia comprado em seu aniversário. Que depois de receber, foi banhado em beijos e carícias. Agora ela era apenas uma lembrança. Era apenas uma moradora daquele jardim. Calça Jens. Descalço. Na mão, que tremia por causa do frio, uma pá.

Caminhou fracamente, cambaleando. Apoiando-se aqui e ali em alguma lápide. Quando não conseguiu se agarrar em nenhuma, seus joelhos fraquejaram, deixando-o cair. Com os olhos fechado. Ao abri-los outra vez, sua visão caminhou até uma lápide um pouco a frente. Uma rosa. Apenas uma. Murcha. Pétalas caídas, como lágrimas. A pega-la com sua mão a rosa quebrou-se. Caindo outra vez. Agora sobre a lama.

Levantou-se, continuando andar cambaleando de fraco. A chuva caia fraca e triste. Lágrima pensou ele. Um choro da lua. Lua que brilhava, iluminado o caminho a ser seguido por ele. Até parar.

S*** dizia a lápide improvisada. Lágrimas rolaram sobre o rosto dele. Outro clarão no céu o fez cair de joelhos no barro, que por estar recente, ainda estava sem grama. Olhou para o céu. A chuva, com seus pequenos pingos caiam em seu rosto. Levantou-se, respirou e começou a cavar, com a pá que trouxera.

Quando cavava aquele chão molhado, lembrava de sua amada. Lembrava de seu sorriso. Seus lábios vermelhos cor de vinho. Seus olhos claros e cabelos escuros e volumosos. De suas mãos pequeninas que ficavam a acariciá-lo todo tempo. Mãos de veludo. Seus fartos seios a qual se deixava adormecer, desejando morrer neles.

Cavando com suas ultimas forças. A chuva fraca não ajudava muito. Quando um estalar no solo o fez parar. Ajoelhou-se e com as mãos começou a tirar o barro encharcado. Seus dedos começaram a sangrar. Tirou toda a areia molhada, deixando a visão da lua um caixão.

Ele sem admirá-lo muito abriu o caixão. Deixando ao ar livre aquela a qual pertencia aquele leito. Continuava bela. Pálida mais bela. Morta. Fria não pela chuva e pela brisa fria, mas por não ter mais aquele calor que os vivos têm características. Cabelos mal penteados e aos poucos molhado pela chuva. Lábios fechados. Silenciosos. Sem respiração. Mortalha negra como a noite. Olhos sem vida fechados.

A lua no céu outra vez adormecia nas nuvens carregadas e negras que pairavam no céu. Ele deixou-se cair dentro do leito daquela sua senhora. Cerca de um metro no fundo. Já que a cidade onde moravam era abaixo do nível do mar. Caído ele se movimentou até sentir-se aconchegado. Ao lado dela, num leito improvisado aos amados. Sentiu-se adormecer, fraco. Fechou os olhos. A chuva caia mais forte.

Todos próximos a aquele cemitério dormiam. Crianças, devido aos trovões e relâmpagos no céu corriam para os quartos dos pais. Amantes se acariciavam, esperando ficar mais aquecidos. As lâmpadas dos portes mal iluminavam por causa da chuva torrencial que caia. Os esgotos se afogavam na quantidade enorme de água que caia. Os vigias noturnos se contorciam em seus postos de frio. Poucos carros se arriscavam nas ruas.

E no leito se sua amada L****** ainda com os olhos fechados adormecido. A água que entrava no caixão já tinha feito um lençol no corpo dos amados, deixando apenas os rostos e parte do busto de fora. Ele como se sonhava. Como se em uma cama não demonstrava nenhuma reação. A chuva não diminuía. Do jeito que caia, restava pouco tempo até as suas águas encobrir os dois. Numa arvore, como espectador deste teatro, um corvo gritava. Até que depois de alguns minutos silenciou. A chuva como mar que afunda um navio até sumir em suas águas o fez com os amantes. Durante aquele minuto parecia eternidade. Naquela água suja, podia sentir aquelas bolhas de ar mostrando que algo vivo ainda ali estava. As bolhas diminuíam, minguando. Fracas. Tornando os espaços entre uma e outra ser enorme. Podia ouvir soluços junto a elas. Até que mergulharam num silêncio. Eterno.

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